quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Guerra Câmbial





Reestruturação Câmbial ?


A indústria brasileira tem exportado menos, importado cada vez mais itens que eram tradicionalmente produzidos no Brasil e, limitada por câmbio, impostos e custos, perdido competitividade no exterior, indicam especialistas ouvidos pelo G1. Em setores de maior valor tecnológico agregado, há casos em que a exportação foi simplesmente banida dos negócios porque deixou de ser vantajosa para a empresa.

Até o fim de 2010, as importações da indústria de transformação (que transforma matéria-prima para obter produtos novos) devem superar as exportações em US$ 35 bilhões, mostram dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Quanto mais alto o nível tecnológico do produto fabricado pela empresa, maior o “rombo” na balança comercial: enquanto as vendas externas de produtos de baixa intensidade tecnológica, como as matérias-primas, soja e petróleo, superaram as importações em US$ 36 bilhões em 2009, a diferença para o setor de produtos de nível médio/alto de tecnologia ficou negativa em US$ 26,7 bilhões no mesmo período, afirma a entidade.

"Isso porque o Brasil é muito competitivo no setor de commodities agropecuárias, setor em que temos muito domínio tecnológico, somos muito competitivos e há demanda mundial, o que nos habilita a entrar no mercado a despeito do câmbio", afirma Rogério César de Souza, economista-chefe do Iedi.

É essa competitividade no setor de commodities que explica, majoritariamente, que a balança comercial brasileira se mantenha positiva no ano - até 17 de outubro, as exportações superavam as importações em US$ 14,18 bilhões.

Mas no setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, o déficit acumulado da balança de 2004 a 2010 já é superior a US$ 43 bilhões, segundo estimativa divulgada em outubro pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

"Em função da desvalorização do câmbio, os nossos produtos acabam ficando mais caros lá fora e a relação de competitividade é um pouco complexa", explica o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo Alves, que ressalta que, além do câmbio, o "custo Brasil" também atrapalha os negócios: gargalos de infraestrutura, burocracia, por exemplo, encarecem a produção.

"Há as rodovias brasileiras que estão numa situação carente, há a excessiva burocracia, uma questão estrutural que faz com que o ambiente de negócios não seja tão atrativo quanto o de outros emergentes", diz Alves. Só em 2010, o dólar acumula baixa de 2,29%.

Na quinta-feira (28), durante a divulgação do indicador de atividade industrial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da entidade, Paulo Francini, atribuiu esse salto nas importações a uma "constelação" de motivos formada por taxa de câmbio sobrevalorizada, forte demanda interna e recuperação dos mercados externos.
"É evidente que isso é uma grande preocupação. A trajetória é claramente de desindustrialização. Você tem uma perda de importância relativa da indústria no conjunto da economia. É realmente um risco".








Fonte: G1 / O Globo 2010.

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